Após 120 anos, Augusto Severo de Albuquerque Maranhão (1864-1902) está fazendo, enfim, o seu derradeiro vôo – agora, de volta pra casa. O político e aeronauta potiguar teve seus restos mortais exumados do Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro, na semana passada, e será transladado para o Rio Grande do Norte de hoje para amanhã, onde receberá uma cerimônia de homenagem no dia 16 (sexta), com cortejo e as devidas honras. O retorno é resultado de uma cruzada pessoal realizada há três anos pelo advogado Armando Holanda, admirador de Severo, que tomou como missão devolver o ilustre potiguar à Macaíba, sua terra natal.
“Há 37 meses que trabalho direto nesse projeto. Desde que fiz o discurso 'Severo quer voltar pra casa', na câmara municipal de Macaíba, que tomei isso como uma missão pessoal”, conta Armando. O esforço do advogado, no início quase solitário, foi reconhecido pelo poder público, que através do Governo do Estado criou uma comissão especial para cuidar do assunto.
Sob a presidência do vice-governador Antenor Roberto, a comissão reuniu familiares de Augusto Severo (representados por Armando), o Instituto Histórico e Geográfico do RN, Assembleia Legislativa, OAB-RN, Fundação José Augusto, Grupo Amigos da Rampa, Marinha, Aeronáutica, associações macaibenses, e diversas entidades civis.. Nove integrantes dessa comissão foram duas vezes ao Rio de Janeiro, no cemitério em Botafogo, para acompanhar as tratativas para exumação e posterior translado dos restos mortais.
A exumação foi realizada no último dia 05 de dezembro, intermediada pela Fecomércio Rio de Janeiro e o Sindicato dos Estabelecimentos Funerários do Estado do Rio de Janeiro (SEFERJ), em contato com a Rio Pax, concessionária do cemitério. Vale ressaltar que o último entrave para o resgate do corpo estava no próprio cemitério: o mausoléu construído pelos praças da Marinha de Guerra do Brasil era uma estrutura concretada e hermeticamente fechada, que precisaria ser bastante danificada para ser aberta. Também não havia certeza de quem respondia por alterações nela.
Viagem de volta
Os restos mortais do aeronauta voarão para Natal em um avião da FAB que, não por acaso, leva o nome de Augusto Severo – o potiguar é reconhecido como um pioneiro desbravador dos ares. Essa mesma aeronave serve a presidentes da república, entre outras autoridades. Chegando ao Rio Grande do Norte, o corpo de Severo ficará por algum tempo na base aérea de Natal, no mesmo lugar onde funcionou o aeroporto.
A cerimônia civil e militar programada para o dia 16 começará no Centro Cultural Trampolim da Vitória, às 14h, que foi instalado no antigo aeroporto internacional Augusto Severo. No local, os restos mortais do aeronauta serão saudados pelo comandante daquela unidade militar e pela governadora Fátima Bezerra. A cerimônia será aberta ao público.
Do Centro Cultural sairá um cortejo até o Instituto Histórico e Geográfico do RN, no centro histórico de Natal, onde o corpo de Augusto Severo será velado com honras e pompas. De lá, o destino final dele será Macaíba, no Cemitério São Miguel, onde será edificado um mausoléu pelo município. Em Macaíba também será oficiada uma benção em louvação ao filho ilustre.
Armando Holanda considera que aproximar Augusto Severo fisicamente do RN outra vez, é um reforço à memória histórica do estado, e um ato mais do que justo para um conterrâneo. Em fevereiro deste ano, o advogado lançou o livro “Augusto Severo: o retorno”, que é o registro de sua luta para o resgate dos restos mortais do potiguar, que durante 120 anos ficou no Rio de Janeiro.
Augusto Severo faleceu em 12 de maio de 1902, quando decolou com seu dirigível Pax, para seu primeiro vôo sobre Paris, juntamente com o mecânico francês Georges Sachet. O aeróstato explodiu no ar e caiu sobre a Avenue Maine, sem sobreviventes.
Armando Holanda aprendeu a admirar Augusto Severo desde criança. O advogado nasceu em Governador Valadares, Minas Gerais, mas foi criado em Macaíba, onde chegou aos dois anos de idade.
Fonte: Tribuna do Norte
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