A crise que tomou conta da Câmara Municipal de Natal nos últimos meses tem uma causa clara: a falta de pulso institucional da Casa diante do processo de cassação da vereadora Brisa Bracchi. A hesitação em acatar o pedido de arquivamento — respaldado pela legislação e pelo prazo processual já vencido — prolonga um desgaste que ultrapassa o razoável e expõe o Legislativo a um vexame público sem precedentes.
O pedido protocolado nesta quarta-feira (19) pela defesa da vereadora, amparado no Decreto-Lei nº 201/67 e confirmado pela Procuradoria da própria Câmara, demonstra que o prazo de 90 dias expirou. Diante disso, a expectativa natural da sociedade e dos parlamentares é que a Presidência da Casa tome uma decisão clara, objetiva e definitiva: arquivar.
A Casa precisa acalmar os ânimos e recuperar autoridade
Nos bastidores, o clima é de desgaste e exaustão. A Câmara vive uma tensão crescente que extrapola o debate político e já compromete o funcionamento regular da instituição. Cabe à Casa, como órgão máximo da representação municipal, estancar o sangramento e recuperar a normalidade do ambiente legislativo.
Arquivar o processo — decisão respaldada pela lei e pelos pareceres internos — não é gesto político, mas cumprimento do ordenamento jurídico. É esse movimento que demonstra à sociedade que a Câmara mantém regras claras, limites estabelecidos e capacidade de conduzir seus próprios processos.
Um desgaste alimentado por interesses externos
É evidente que o prolongamento desse caso tem servido a um cenário de desgaste institucional que interessa a determinados atores. Nos corredores, é recorrente a avaliação de que Paulinho e Nina têm explorado politicamente a crise, intensificando a instabilidade e contribuindo para o derretimento da imagem pública da Câmara.
Esse ambiente só prospera quando a Casa hesita. A indefinição institucional abre espaço para narrativas externas e para a impressão de que o Legislativo municipal perdeu sua capacidade de liderança.
A nota de recuo do Vereador Matheus Faustino revela que não vale a pena mergulhar em aventuras irresponsáveis
A crise ganhou mais um capítulo com a recuada do vereador Matheus Faustino, autor do pedido de cassação. Após afirmar de forma irresponsável publicamente que decisões judiciais favoráveis à vereadora Brisa teriam sido “vendidas”, o parlamentar divulgou, horas depois, uma longa nota de recuo dizendo que tudo se tratava de um “cenário hipotético”, negando qualquer intenção de acusar magistrados.
A tentativa de explicação evidencia o desgaste que tomou proporções desnecessárias e mostra que aventuras políticas baseadas em insinuações e excessos retóricos não se sustentam. Quando até quem iniciou o processo recua e tenta contornar suas próprias declarações, fica ainda mais claro que a Casa precisa impor limites e encerrar esse ciclo de instabilidade.
A Mesa Diretora precisa demonstrar que a Câmara tem comando
A Câmara não pode ser conduzida por pressões externas, opiniões paralelas ou interferências indiretas. A Mesa Diretora tem o dever institucional de arbitrar conflitos, conduzir processos e tomar decisões dentro da legalidade.
E neste caso, a legalidade é inequívoca:
O prazo acabou.
O processo caducou.
O arquivamento é a medida correta.
A Casa precisa, portanto, assumir protagonismo, restaurar autoridade e sinalizar que seu funcionamento não será sequestrado por disputas externas.
Vereadores precisam agir para encerrar o vexame
Os vereadores, como guardiões da instituição, possuem papel decisivo. Cada dia de indefinição aprofunda o desgaste e fragiliza a imagem do Legislativo. Ao apoiar o arquivamento, não estão defendendo A ou B, mas a própria Câmara, sua credibilidade e sua capacidade de autogestão.
Encerrar o processo de cassação — já superado juridicamente — é o primeiro passo para recolocar o Legislativo nos trilhos, recuperar pautas estratégicas e restaurar a estabilidade interna.
A Câmara precisa se impor.
Muito mais do que uma simples nota pública.
Precisa decidir.
Precisa mostrar que a instituição está acima da crise.
O momento exige liderança.
O momento exige responsabilidade.
O momento exige que a Casa finalmente exerça sua autoridade — e presida de fato.

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