As manifestações que ocorrem em frente a diversos quartéis pelo Brasil completaram uma semana e, em Natal, o grupo que questiona o resultado da eleição segue com ocupação em frente ao 16º Batalhão de Infantaria Motorizado, na avenida Hermes da Fonseca, no bairro do Tirol. Até o momento, nenhum incidente grave foi registrado no grupo, mas a diretoria do Aeroclube emitiu nota criticando a utilização do espaço por participantes da mobilização.
Maior concentração de manifestantes é no período da noite, mas ambulantes e pessoas em vigília permanecem todo o dia no local
Desde a segunda-feira (31), após a confirmação da eleição presidencial, manifestantes foram para a frente do batalhão. Entre as principais reivindicações está a apuração sobre denúncias relacionadas às urnas eletrônicas e contra a postura do Tribunal Superior Eleitoral com relação aos questionamentos feitos em redes sociais e na mídia. Há, ainda, faixas em que parte das pessoas pede uma “intervenção federal”, mas nenhum membro do comando das Forças Armadas se manifestou até a segunda-feira (7) sobre os pedidos. Enquanto isso, os manifestantes seguem em vigília.
Participante do movimento, o aposentado José Maria Santos de Oliveira, de 59 anos, diz que a manifestação é “pela liberdade”. Em referência ao Golpe Militar de 1964, ele disse que o Brasil foi salvo de um regime comunista. “Estou aqui pela liberdade. Em 1964 alguém marchou para mim, para que estivéssemos aqui conversando sobre liberdade. Se estivéssemos em um país comunista, não poderíamos estar fazendo esse movimento, que é também pela verdade. Não quero que minha neta e meus filhos se vejam em país comunista, sem liberdade, e sim em um país livre”, disse o aposentado.
Apesar de não ter ocorrido conflitos entre as pessoas que participam da manifestação, ocorreram bloqueios na via em pelo menos dois dias, complicando o trânsito na região. Moradores também criticam o barulho das manifestações e o grande número de carros estacionados em locais proibidos, chegando até a bloquear garagens de prédios no entorno da manifestação. Até o momento, não há a confirmação sobre nenhuma sanção por parte dos órgãos ambientais com relação à suposta poluição sonora.
Por outro lado, a direção do Aeroclube do Rio Grande do Norte ameaçou acionar a Justiça contra a ocupação de parte da estrutura do clube. Quatro banheiros químicos foram posicionados na área externa, onde há um centro de eventos e tradicionalmente ocorria a Casacor. Na mesma área, um grupo armou barracas e está dormindo no local, onde também há grande número de vendedores ambulantes que comercializam camisas verde e amarelas, bandeiras, lanches e bebidas.
Em nota, o presidente do Aeroclube, Arnon de Queiroz Garcia, afirmou a insatisfação com a situação. Segundo ele, parte dos manifestantes resolveu, “sem qualquer fundamento”, invadir parte das dependências do clube e a atitude estariam prejudicando as atividades da instituição e o livre acesso ao local. Afirmando que respeita as pautas adotadas “por mobilizações dos mais diversos matizes”, o presidente do Aeroclube disse que não pode aceitar que “a plena utilização de seu espaço seja prejudicada por uma ação de indivíduos que, a pretexto de defender a democracia, obstam o direito de ir e vir das pessoas e o pleno exercício das atividades da instituição”. “O Aeroclube não estimulou, autorizou ou concordou com os atos de ocupação atualmente verificados em sua sede, esperando que as pessoas que lá estão, desocupem a área de forma pacífica, promovendo a imediata retirada da estrutura indevidamente instalada no local”, disse o presidente, em nota. Ele também afirmou que, caso não seja atendido, “poderá adotar as medidas legais e de segurança pública cabíveis”, mas que espera que “o bom senso prevaleça e que a área interna seja desocupada”.
Manifestações
As manifestações ocorrem em pelo menos 24 estados e no Distrito Federal. Foram confirmados atos em Goiás, Tocantins, Distrito Federal, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Pernambuco, Ceará, Piauí, Alagoas, Bahia, Paraíba, Sergipe, Maranhão, Acre, Amazonas, Roraima, Rondônia, Pará, Curitiba, além do Rio Grande do Norte. Em solo potiguar, além de Natal, foram registradas manifestações em frente a quartel militar em Mossoró, na região Oeste.
Fonte: Tribuna do Norte
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